Grau 26 - A origem

Primeiro: eu realmente gostei do livro; segundo: se você não é fã do gênero, não leia, você não gostará; terceiro: além da leitura, você conta com vídeos que complementam a história, então, o livro proporciona mais do que uma leitura.

Depois  desses fatos, vamos à história: na identificação de serial killers existem 25 estágios ou graus de maldade. Quando um assassino age por décadas, com alto grau de crueldade e sem métodos, é criado um novo grau para identificá-lo, o Grau 26.

Sqweegel, como é chamado o serial killer, nome atribuído pelo filho de uma de suas vítimas: o serial killer matou a mãe do menino enquanto o carro dela era lavado no lava-jato e os dois se encontravam lá. Enquanto a mãe era morta, esse era o som que ele ouvia e foi a palavra que ele ficou repetindo enquanto estava traumatizado com o assassinato da mãe para os policiais.

Sqweegel não possui técnica, método, nada. A polícia não consegue encontrar nenhum padrão em seus assassinatos e nenhuma pista nunca foi encontrada. Isso porque Sqweegel usa uma roupa branca de latéx que cobre todo seu corpo, não deixando nenhum pedaço de pele de fora, impossibilitando que ele deixe rastros por onde passa.

Depois de décadas, somente um policial foi capaz de chegar perto o bastante de Sqweegel para encontrá-lo pessoalmente: Steve Dark. Sqweegel conseguiu escapar de Steve e realizou alguns assassinatos cruéis que afetaram diretamente a vida de Steve. Depois disso, Steve se aposentou e tentou reiniciar uma nova vida.

Nesse ponto, confesso que alguns aspectos pareceram estranhos para mim. Steve caça um serial killer, quase o alcança mas ele foge. Depois de anos, esse serial killer comete uma atrocidade que tem ligação direta com ele. Steve se revolta, sai da polícia e começa a investigar por conta própria sem obedecer à lei. Não encontra o serial killer. Desiste e então... se casa?!?!?!? Eu não consegui assimilar a mudança de um estado psicológico para o outro, do cara destroçado e que sente culpado pela enorme tragédia para o marido apaixonado, zeloso e neurótico.

Mas Sqweegel está determinado a chamar a atenção de Steve atenção e fazê-lo voltar a sua caça para realizar seus intentos macabros, que só Steve pode ser capaz de entender.

O livro tem vários diferenciais. Aqui, não temos a história centralizada na busca do serial killer, claro que é realizada uma investigação para encontrar Sqweegel, mas a maior parte da trama é concentrada nas ações e manipulações do serial killer. Sqweegel arma um jogo, os detetives são suas peças, o final do jogo será determinado por ele e só resta aos detetives seguir as pistas deixadas de propósito por Sqweegel que levam à direção planejada pelo serial killer. Para saber se isso realmente acontece é preciso ler o livro! (rs)

O segundo diferencial é que o livro é um digilivro, ou seja, combina o livro impresso com vídeos que podem ser acessados através da internet. No final de alguns capítulos, há um código que permite o acesso ao vídeo relacionado àquele capítulo. Achei essa idéia muito bem bolada e tudo foi muito bem feito, estruturalmente falando. Se você ler o livro sem assistir a nenhum vídeo, não perderá informações sobre a história, os vídeos apenas complementam o livro. Algumas informações apenas são apresentadas primeiro no vídeo e depois no livro, fora isso, nenhuma outra diferença entre leitura e imagem. Se você somente ler o livro sem ver os vídeos, encontrará a mesma história que alguém que leu o livro e viu os vídeos encontrou.

Sobre a utilização de vídeo, isso tem a desvantagem de minar a imaginação do leitor. É como as adaptações de livros que temos que nunca correspondem ao que havíamos imaginado no livro, só que agora é em tempo real, então o vídeo afeta o decorrer da leitura, ele pode alterar o que você já havia imaginado sobre a aparência de um personagem, por exemplo. Somente um personagem imaginei do jeito que estava no vídeo.  

Acho que o autor pensou nisso, pois ele deixa muito da história para nossa imaginação. Apesar de fazer descrições precisas, ele deixa o ponto alto em suspenso e, mesmo assim, conseguimos visualizar as cenas (as bárbaridades) que não foram escritas. Por isso, acredito que é preciso não ser sensível a esse tipo de leitura: a imaginação completa essas partes de formas tão cruéis quanto as que poderiam ser escritas ou filmadas.

O serial killer do livro é diferente dos que já nos foram apresentados. Além de usar a roupa de latéx toda branca, o que por si só já é bastante bizarro, na história não é revelado nada sobre seu passado ou os porquês de sua motivações. Mas esse é só o primeiro livro de uma série e muitas perguntas são deixadas sem respostas no final do livro.

Segue promo do livro:

O vídeo da promo foi feito inteiramente com cenas dos vídeos. Apesar de ter gostado dessa idéia de interação entre livro x vídeo, não gostei do resultado dos vídeos. Os atores não corresponderam às minhas expectativas dos personagens. É como se fossem de um filme de baixo orçamento com atuações e direção ruins.

Há um outro ponto sobre o digilivro, o leitor perde a praticidade que o livro impresso tem: é preciso ter um computador com acesso à internet durante toda a leitura. E foi assim que li o livro, com o notebook do lado. O pior é que durante a leitura faltou luz na minha casa (muito calor e muita chuva na Rio de Janeiro dá nisso e outras coisas piores que é melhor não citar). Apesar de ser dia e ainda ter luz para a leitura, tive que parar, pois não queria continuar e pular um vídeo.

Gostei da experiência. Se tiver outro livro desse tipo que me interesse, não deixarei de ler e lerei os outros livros da série. Mas prefiro o bom e velho método de leitura que usa apenas as palavras.

Grau 26 foi escrito por um dos produtores da série CSI e parece que houve um episódio especial com o serial killer do livro.

O segundo livro da série já foi lançado mas não tem tradução no Brasil, ainda. O segundo livro se chama Level 26: dark prophecy.

No final do ano passado, respondi algumas perguntas sobre o livro, antes mesmo de ler. Aqui vocês podem ler o artigo sobre o livro.

 

Anthony E. Zuiker é criador e produtor executivo da série de TV mais assistida do mundo, CSI, assim como de CSi Miami e CSI New York. Aficionado por mistério desde a infância, seu sonho sempre foi escrever um romance policial. Vive entre Las Vegas e Los Angeles com a esposas e três filhos.

Segue primeiro vídeo do digilivro (não tem spoilers):

Título original: Level 26: dark origins

Autor: Anthony E. Zuilker

Editora: Record

Ano: 2009

Páginas: 431

Skoob do livro

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