A morte e vida de Charlie

Cinema e literatura vem sendo abastecidos de uma grande quantidade de produtos com temática sobrenatural, sejam vampiros, anjos, lobisomen ou fantasmas. Morte e vida de Charlie traz  esse elemento sobrenatural, onde o protagonista mantém convivo diário com seu irmão morto.

Charlie St. Cloud (Zac Efron) era um jovem promissor, havia acabado de ganhar uma bolsa de estudos para a universidade e ganhava pequenos torneios de vela em sua cidade. Sua preocupação era apenas não deixar um sentimento de abandono em seu irmão mais eles já tinham sido abandonados pelo pai, e não deixar a mãe sobrecarregada com a criação dos dois filhos. Ou seja, um garoto perfeito: carinhoso, bonito e inteligente.
 novo Sam (Charlie Tahan) com sua partida, pois

A vida de Charlie sai dos eixos quando Sam morre em um acidente de carro provocado por um motorista bêbado, ele larga os planos de ir para a faculdade e passa a ser o zelador do cemitério onde o irmão está enterrado, deixando até de velejar. Charlie e Sam haviam combinado de treinar baseball todos os dias antes do anoitecer. Assim, todos os dias Sam aparece para cumprir o trato. Esse é um o ponto mais surreal do filme, não porque um morto aparece para um vivo, afinal, é cinema, e dentro do contexto do filme tem sentido, mas não há nenhum diálogo sobre isso, nada sobre o como ou o porquê, eles só ficam juntos e se divertem. Li um artigo onde o diretor afirma que quis deixar dúbio se Sam era um fantasma ou imaginação de Charlie. Ele conseguiu isso! Porque o roteiro não se compromete com nenhuma das duas situações. Algumas eventos até levantam dúvida, mas ainda assim, não há muito a se considerar. Para manter essa duvida no expectador, o roteiro simplesmente ignora as opções existentes.

Parece que o diretor Burr Steers (o mesmo de 17 outra vez, também com Zac) também não quis se comprometer com nenhum tipo de religião. Se acreditarmos na possibilidade de Sam ser um fantasma, abre-se a discussão da vida após a morte ou de que os mortos passam por um lugar intermediário antes de ir para onde passaram a eternidade. Independentente de como Sam existe, um cordão de São Judas Tadeu, um dos apóstolos de Jesus, tem papel fundamental nas descisões de Charlie. Seja como for, o roteiro é intrincado e sem posição, não permite que o expectador tire qualquer conclusão.

Depois de 5 anos do acidente, Charlie é novamente tirado de sua rotina com a presença de Tess (Amanda Crew) e terá que fazer escolhas, pois aceitá-la em sua vida pode distanciá-lo de seu irmão.

O ponto alto do filme é a atuação de Zac Efron (que poderia ser o irmão caçula de Jared Leto, tamanha a semelhança, vocês não acham?). Depois de dispensar ser o protagonista do remake de Footloose (uma pena!), este é o primeiro filme da tentativa de Zac ser um ator mais sério e atuar em papéis dramáticos. Carisma ele tem de sobra! Leonardo Di Caprio teve o mesmo problema e agora tem ótimas atuações e filmes no currículo. Tomara que Zac vá pelo mesmo caminho.

No mais, o filme é previsível, tenta surpreender mas se perde em histórias já contadas. Mas é uma boa pedida.

 Título original: Charlie St. Cloud

Ano: 2010

Direção: Burr Steers

Duração: 99 min.

Elenco: Zac Efron, Amanda Crew, Charlie Tahan, Kim Basinger, Ray Liotta

PS: o trailer do filme revela demais. Se você gosta de ficar surpreso com as cenas do filme, não veja.

Trailer