O filme Quando Paris alucina (Paris: when it sizzles, 1964) é uma grande brincadeira com o mundo cinematográfico e literário.
A história traz Gabrille Simpson (Audrey Hepburn) como uma datilógrafa que vai trabalhar com um roteirista, Richard Benson (William Holden), o trabalho é ajudar Richard a finalizar seu roteiro mais do que atrasado. Logo no começo do filme, Richard explica como é seu método: é pago pelo roteiro, gasta todo o dinheiro e, quando faltam apenas alguns dias para a entrega, começa realmente a trabalhar nele. O problema é que, agora, Richard está sem inspiração para escrever o roteiro, pois já conhece todos os meandros, fórmulas e padrões do cinema, todas as táticas para manter o telespectador atento ao filme e os clichês que existem, o que tira toda a graça do trabalho e o deixa preso a essas ferramentas, sem conseguir sair delas para escrever a história.
A grande brincadeira do filme acontece nas encenações do roteiro que está sendo escrito: conforme Richard e Gabrielle constroem a história, temos a visualização do roteiro com os dois interpretando os protagonistas. Em todas as histórias, Gabby é a mocinha que conquista Rick, que é sempre retratado como bonito, inteligente e perigoso. Depois de tentarem muitas histórias, Rick consegue escrever uma história completa com ele sendo um ladrão "perigoso e mentiroso" e Gabby sendo uma moça com ficha na polícia que, em troca de ter a ficha limpa, precisa se envolver com Rick e descobrir o plano para seu próximo roubo mas, é claro, se apaixonam. Na realidade e no roteiro.
Durante essa história, há uma brincadeira com personagens principais e secundários, onde um personagem secundário cisma em participar da história e das decisões, mas é sempre lembrado que, por ser secundário, tem que ficar satisfeito com seu papel.
As histórias criadas funcionam como uma forma dos personagens exteriorizam o que gostariam de falar um para o outro até que, no final... epa, parei por aqui!
O filme é norte-americano mas se mantém neutro ao falar da linguagem do cinema, por exemplo, em uma cena, Gabby, ao responder ao comentário de Rick que gostaria de fazer algo que acentuasse sua masculinadade, diz que ele pode recorrer à um clichê muito usado no cinema americano e ele dá um soco num cara que estava ao lado dela e que foi usado para fazer ciúmes nele.
O filme Alex & Emma: escrevendo sua história de amor com certeza se inspirou muito em Quando Paris alucina para criar sua história.
Quando Paris alucina um filme leve e que não se leva muito a sério, ótimo para quem quer se descontrair. Um clássico muito bom e uma comédia romântica divertida.
Assisti ao filme a um certo tempo, mas lembro o de ter achado delicioso. Todo filme com a Audrey tem esse dom, não é mesmo?
ResponderExcluirComentário muito feliz e o blog é muito bacana (: