sábado, 9 de abril de 2011

Eu leio, eu sou Roseli

Olá, pessoal! Nova edição da coluna Eu leio, eu sou. Nesse entrevista, temos uma bibliotecária!! A Roseli tem um blog realmente ótimo, onde ela fala um pouco sobre assuntos relacionados com bibliotecas, Biblioteconomia e literatura. Vale a pena acompanhar.
Então... vamos para a entrevista! Ah antes, quero fazer uma pequena observação: a Roseli está escrevendo um livro que tem como protagonista uma bibliotecária serial killer! Eu não preciso saber mais nada da história, já estou louca querendo ler o livro só por essa informação. Quando ele for publicado, com certeza aparecerá aqui no blog!

PERFIL

1. Nome completo: Roseli Venancio Pedroso

2. Idade (ou não): 47 anos

3. Estudante? De quê? Trabalha? Em quê?
Sou bibliotecária escolar e trabalho num colégio particular em São Paulo

4. Você se considera um (a) leitor (a) ...
Voraz, insaciável.

5. O que você costuma ler?
De tudo um pouco: literatura juvenil, romances (adoro policiais), poesia, biografias, documentário histórico (o que menos leio é auto-ajuda).

6. De que modo você lê? 
Leio na condução, em meu horário de almoço, as vezes antes de dormir. Sim, costumo ouvir música.

7. Ziraldo tem uma frase que diz: “Ler é mais importante do que estudar.” Você concorda com esta frase?
Se o estudar é essa decoreba pra passar de ano, concordo com ele. Aprendi muito mais lendo por conta própria coisas de meu interesse do que através de livros escolares. Daí, o ler torna-se mais importante. A leitura diversificada amplia o conhecimento. Os livros didáticos “engessam” o conhecimento e a aprendizagem. Essa é minha opinião.

8. Qual a influência da leitura/livros na sua vida pessoal/profissional?
A leitura fez toda a diferença em minha vida pessoal e profissional. O gosto pela leitura me moveu a buscar novidades, conhecer coisas diferentes, ampliou minha cultura. E vamos combinar: cultura é fundamental na nossa profissão. Conhecimento idem. As pessoas sempre me elogiam dizendo que sou uma enciclopédia ambulante pois tudo o que perguntam eu sei responder. Não é bem assim mas, com a experiência e o conhecimento, aprendi quais ferramentas buscar a informação daí, eu ter sempre a resposta para o que procuram aqui na biblioteca. Minha formação pessoal também desenvolveu bastante por influência da leitura.

9. Quando as pessoas perguntam “Por que você lê tanto?” ou “Para que tantos livros?”, o que você responde?
Para não fazer perguntas como essa (rsrs). Desculpe-me Dri mas outro dia eu e um amigo meu também bibliotecário e rato de biblioteca/livraria como eu, estávamos falando justamente sobre isso e daí viemos com essa resposta. Mas falando sério agora: sempre oriento as pessoas sobre o poder da leitura e do aprendizado em nossas vidas. Sempre rebato dizendo: vocês perdem tanto tempo em frente a TV e o que aprendem? Nada. De bom pelo menos. O tempo que se perde vendo TV, pegue um bom livro. Leia, reflita, assimile o que de melhor ele puder te passar. Com o tempo verá as mudanças sutis que ocorrerá em sua vida. As vezes esse meu conselho funciona e é maravilhoso ver a pessoa mudando de hábitos. Outras vezes, a pessoa é totalmente “formatada” no esquema e daí, não se tem muito o que fazer.

10. Você escreve?
Sim. Além dos blogs, estou fazendo uma pós em Prática em Criação Literária. Esse curso consiste em aprimorarmos os diversos gêneros literários. No semestre passado fiz os módulos Literatura infantil, Roteiro de Cinema, Dramaturgia e Blogs. Em dezembro comecei os módulos Romance e Poesia que será reiniciado agora em fevereiro.

Como trabalho desses dois últimos módulos iniciei a escrita de um romance. Escolhi uma história policial, pois adoro o estilo. E a experiência está sendo muito boa.

11. Qual sua opinião sobre:

- educação brasileira: um total equívoco. Enquanto a sociedade num todo não acordar para a importância da educação na formação do cidadão e não exigir das autoridades a seriedade necessária, ficaremos nessa formação capenga e prejudicial.

- literatura de modo geral: ai, adoro tudo! É uma das expressões do ser humano mais completa e rica que existe. Não vivo sem.

- mercado editorial brasileiro: não é de todo ruim, já melhorou bastante, mas ainda traz ranço do passado que já não condiz com o mercado atual. Ainda tem muito que crescer

- bibliotecas: essas ainda tem muito o que se desenvolver em nosso país. Mas o bibliotecário esse sim tem de ficar mais político, mais dinâmico e botar a cara à tapa para fazer valer a importância das bibliotecas e dos bibliotecários. Ainda existe muita acomodação em nosso meio.

- leitura/leitores: apesar de o Brasil ainda ser um país de poucos leitores, estou satisfeita em ver o quanto as pessoas andam lendo por aí. Em todo lugar que passo sempre tem mais de uma pessoa com um livro nas mãos lendo de forma ávida. E são leitores de todas as idades. E as leituras bem diversificadas. Sei que também é um longo caminho para se chegar ao patamar de um país de leitores como os que vemos na Europa. Mas a gente chega lá. Sou otimista.

12. No livro Fahrenheit 451, as pessoas escolhem um livro para decorar e contar suas histórias. Depois passam a ser chamadas e conhecidas pelo nome do livro. Se você tivesse que escolher um livro para decorar e ser esse livro, qual seria?
Ai! Amei esse livro! Mas são tantos os livros que me tocaram! Talvez As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, por amar histórias celtas e esse livro em especial é genial. Li esse livro assim que comecei a trabalhar em biblioteca e fiquei meses envolvida por essa linda história E tem também o livro As memórias do livro, de Geraldine Brooks que achei fantástico.

ENTREVISTA

1. Você é uma leitora eclética. O que acha das modinhas literárias?
Para mim não serve muito mas acho-as super importantes para despertar a sede de leituras nos leitores mais jovens. Servem de trampolim para outras leituras futuras.

2. Você acha que o estudo ou leitura auto-didática pode ser mais eficaz do que o método imposto pela educação convencional?
Não. Mas acredito que um auxilia e reforça o outro. Ficar somente no que a educação convencional nos oferece é muito pouco para uma pessoa formar sua educação e formação. É preciso que se acrescente outras leituras.

3. Temos programas de incentivo à leitura e os discursos sobre a leitura nos meios de comunicação, você acha que esses posicionamentos são apenas ações politicamente corretas ou realmente são eficazes?
Programas de incentivo a leitura temos vários e isso é muito bom. Agora quanto aos meios de comunicação, acho as campanhas fracas e ainda muito poucas. Acredito que se os meios de comunicação se empenhassem mais, teríamos mais resultados do que por hora temos.

4. Você acredita que todo leitor é um escritor em potencial?
Não. Nem todo leitor será um escritor em potencial até mesmo por que, o dom da escrita é algo que já nasce com ele. Mesmo que o leitor aprenda as técnicas da escrita, se não tiver “aquilo” consigo, será apenas mais um texto bem escrito e não uma obra literária.

5. Sobre o que é seu romance? Pode contar um pouquinho?
A história é sobre uma serial killer que leva uma vida pacata na cidade do Rio de Janeiro. Trabalha na biblioteca nacional como bibliotecária, mas a noite costuma “caçar” suas vítimas em sites de relacionamentos. A história vai ganhar velocidade e suspense quando ela escolher sua próxima vítima e mal sabe ela que ele é um investigador forense. O susto será de ambos, pois ele não imagina que aquele rostinho angelical esconde uma alma negra com sede de sangue. Sou um pouco (bastante) indisciplinada, mas tenho me programado de pelo menos 1 hora por dia me dedicar a escrever um capítulo. Torna-se um pouco difícil pois minha vida é bem corrida e em casa não costumo ter um espaço onde possa me dedicar com concentração naquilo que escrevo. Sou interrompida muitas vezes e isso me tira do sério. Pretendo publicar essa história.

6. É comum escutar que todo primeiro livro é um pouco auto-biográfico. Isso se aplica no caso do seu livro?
Em partes. Como a personagem é uma bibliotecária e eu também sou, divido com ela e os leitores um pouco de minha rotina numa biblioteca. Mas quanto à personalidade, não temos absolutamente nada em comum. Para compor essa personagem fiz uma vasta pesquisa sobre comportamento de um psicopata, sobre personalidade, fiz e ainda estou fazendo uma pesquisa sobre ciência forense (adoro essa área, amo CSI).

7. Ser bibliotecária influenciou na sua vida de leitora?
Não. Ocorreu o contrário. Sempre li e quando fui chamada a trabalhar numa biblioteca escolar pela primeira vez, aos poucos fui pegando gosto pela profissão e então, o que era para ser temporário, tornou-se minha escolha profissional fazendo-me decidir por ingressar na faculdade de Biblioteconomia.

8. Como bibliotecária de uma biblioteca escolar, como você vê a relação desses jovens com os livros e a leitura?
A biblioteca escolar ainda não é utilizada da melhor forma. Ainda é vista como um lugar para “castigar” o aluno que não se comporta bem em sala de aula. Por outro lado, observo que as equipes das bibliotecas também trazem um certo “ranço” do passado onde biblioteca era lugar de absoluto silêncio. Não encaro assim. Ao meu ver, a biblioteca escolar deve ser um espaço de total integração à sala de aula. Entendo também que a biblioteca é um espaço totalmente social logo, não vejo mal algum em ver grupos de alunos conversando numa mesa ao invés de estudar. Infelizmente o grupo de docentes não costuma caminhar junto da equipe da biblioteca. Adoraria poder desenvolver projetos de leitura na biblioteca contando com o apoio dos professores. No entanto, eles próprios não comparecem nem freqüentam a biblioteca. E sempre que os procuramos para apresentar algum projeto, eles descartam dizendo que não daria certo ou que falta tempo na grade curricular para desenvolver esses projetos. Difícil não? E como não temos autonomia para fazermos isso por conta própria, a biblioteca acaba sendo subutilizada. Não demonstrando seu verdadeiro potencial. Mas, apesar de todas essas dificuldades, ainda acredito que um dia conseguiremos transformar a biblioteca escolar num verdadeiro pólo cultural.

Então, o que você achou da entrevista com a Roseli?
Deixe súa opinião nos comentários. Se você quiser participar da coluna, é só preencher esse formulário que enviarei as perguntas para você.

9 comentários:

  1. Oi Dri, adorei a Roseli. Tanto que fui lá no blog dela, mesmo antes de responder o seu, e já sou sua seguidora, rs,rs,rs.
    Antes de tudo quero parabenizar você por estes post, pois através dele eu fico conhecendo mais os blogueiros literários.
    Como é bom saber que existe muita gente boa que está aqui pra "apenas" compartilhar a leitura e contribuir com o incentivo dela.
    Beijo as duas.

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  2. Oi, Monica!

    Eu também adoro essa coluna! Como para vocês, é ótimo conhecer um pouco mais dos blogueiros e/ou leitores e conhecer suas opiniões.

    Grande beijo,
    Dri Ornellas

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  3. Dri,
    Que bom ver minha entrevista por aqui. Ando em baixa com meus escritos achando que não sei nada, que não tenho talento. Sabe como é, crise do escritor. mas lendo a opinião da Mônica e a sua me deram uma dose de incentivo para continuar. Não vou desistir não. Obrigada por tudo meninas.
    Bjs

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  4. Oi, Roseli!

    Eu entendo que de vez em quando pode bater uma insegurança, mas não quer dizer que seja verdade. E tenho certeza que essa sensação é passageira.

    Por favor, você vai deixar uma leitora orfâ: já estou ansiosa para ler seu livro.

    Super beijo!!

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  5. Gostei muito da entrevista com a Roseli, ainda mais por ser ela uma bibliotecária e estar envolvida com Bibliotecas, minha grande paixão. Acho que ela trouxe boas contribuições para o debate e também aguardo ansiosa pelo livro dela. Beijos.

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  6. Oi Dri!
    Adorei o quadro e a entrevista com a Roseli. Já conhecia o blog dela e também acho muito interessante!
    Agora vou ficar ansiosa pelo livro da bibliotecária serial killer!
    Beijos!

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  7. Parabéns pela entrevista!!
    Já sou seguidora da Roseli e agora estarei te seguindo também!!!
    Grande beijo!

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  8. Meninas mais uma vez agradeço as palavras de incentivo para mim. Agora já fortalecida retorno as minhas escritas e quando conseguir acabar de escrever meu romance, vocês serão as primeiras a saber.
    Bjs

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  9. Gostei muito de poder conhecer a Roseli, essa mulher menina, com uma cabeca fantástica.

    Bjao

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Olá!

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